PARA O HAITI TUDO O QUE O BRASIL NÃO TEM
Isto é o que pode ser chamado de caridade
esdrúxula para encher os olhos do mundo. No tempo dos meus avôs a sabedoria
deles estava sempre repetindo “quem não pode com o pote não pega na rodilha”. E
eles também diziam “não se descobre um santo para cobrir outro”. Mas,
infelizmente o grande Estadista Global (antes que o mundo o reconhecesse como
Estadista, eu o reconheci por diversas vezes) não se recorda dos dizeres dos
avôs dele, porque se recordasse perceberia que o país mesmo com a economia
andando com seus próprios pés (segundo o Ministro da Fazenda) não é esta
potência que se esmera em ser. Não tem a costa tão larga que suporte pagar a
conta dos outros, se ainda não correspondeu com a conta dos seus necessitados
do atendimento do SUS.
O brasileiro miserável periférico está morrendo
à míngua, pois não consegue sequer uma consulta com um médico em um Posto de
Saúde, ao menos para ouvir de viva voz, que ele vai morrer porque não pode
comprar o remédio receitado, pois as farmácias públicas não possuem no estoque
nem mesmo os genéricos para salvá-los da morte certa. É verdade! O coitado do
doente para conseguir marcar uma consulta nos hospitais de Urgência e
Emergência da rede pública precisa ficar na fila, das cinco horas da manhã até às
quinze horas, para receber uma senha dizendo que ele deve voltar naquela
unidade de saúde no prazo de seis meses, nove meses ou um ano. Depende da sorte
do pobre azarado. Geralmente 50% dos infelizes não voltam. Eles morrem antes.
Aparentemente o Ministro da Saúde e os que
liberaram os 135 Milhões de Reais para enviar para o Haiti, não estão sabendo
que o SUS está passando por esta situação caótica. Nos hospitais faltam
médicos, medicamentos, leitos, enfermeiros, pessoal administrativo de apoio,
comida para os doentes e ambulâncias.
A bendita farmácia popular não tem a cara do
BRASIL, ela é muito sofisticada como poucas farmácias particulares. Instalações
caras, o conforto do ar-condicionado, funcionários atendendo diretamente nos computadores
para verificar os estoques dos remédios que estão sempre em falta. A venda só é
feita mediante a apresentação da receita médica (que o coitado do pobre e
necessitado doente só consegue depois de meses de espera) isto é um achincalhe
para o miserável necessitado de tomar o remédio para adiar o dia da sua morte.
A farmácia basicamente está atendendo os menos necessitados, aqueles que pagam
consulta particular. Aparentemente elas são farmácias de primeiro mundo, não
merecem o nome de popular.
Bem que poderia ter sido reservado (para
contratar médicos plantonistas nas farmácias, que fariam consultas relâmpagos)
um percentual dos milhões de reais que foram enviados ao custo da morte de
milhões de miseráveis, que não conseguem sequer ver a cara do médico em um
Posto de Saúde. A possibilidade de comprarem uma medicação barata e prescrita
pelo doutor clínico geral, associada com a fé de que o medicamento vai
curá-los, salvaria a vida de milhares de brasileiros que morrerão na penúria
mesmo sem um terremoto na periferia onde eles moram. É complicado entender esta
caridade extravagante em que o Ministro da Saúde fomenta através de um projeto,
a proposta de remeter para o HAITI valores elevadíssimos que seriam da maior
importância se fosse utilizados aqui mesmo dentro do país nos postos de
urgência e emergência do setor público.
No dia 27 de janeiro de 2010, com o título de
COOPERAÇÃO INTERNACIONAL o Ministério da Saúde informou com o tom de vitória
estas coisas mirabolantes e absurdas, que serviriam muito mais para serem
escondidas do que anunciadas, já que as medidas representaram a usurpação de
bens de saúde que beneficiariam os miseráveis desta pátria, para beneficiar os
seus iguais daquela outra pátria.
“MP autoriza recursos para reestruturação da
saúde no Haiti, R$ 135 milhões serão utilizados em ações como a construção de
10 Unidades de Pronto Atendimento.”
“O governo federal abriu nesta quarta-feira (27)
crédito extraordinário no valor de R$ 135 milhões para o plano de auxílio e
reestruturação de saúde do Haiti. O projeto, apresentado no último dia 21 pelo
Ministério da Saúde, prevê a construção de 10 Unidades de Pronto Atendimento
(UPAs) e o envio de 50 ambulâncias para o país atingido por terremotos. A
proposta inclui a organização da atenção básica, capaz de atender cerca de 80%
dos agravos de saúde, e o apoio aos trabalhos da Pastoral da Criança no Haiti.
Entre as ações, o Ministério da Saúde prevê o aumento de R$ 3,5 milhões no
repasse para a Pastoral da Criança, fundada por Zilda Arns Neumann na década de
80, com o objetivo de que a entidade possa continuar o seu trabalho no Haiti”.
“SUPORTE – O plano prevê ainda o suporte de equipes de profissionais de saúde para assistência imediata à população, serviços de saúde temporários e atividades de prevenção e controle de doenças transmissíveis, uma média de 30 profissionais por mês”.
“As 50 ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) a serem doadas ao Haiti serão equipadas com a aparelhagem de UTI móvel (Unidade de Tratamento Intensivo). O serviço será uma ferramenta de integração entre o atendimento ao cidadão, UPAs e hospitais. O custo total é de R$ 10 milhões”.
"Cada equipe de Saúde da Família é composta por um médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e entre cinco e seis agentes comunitários. O grupo tem por missão fazer o acompanhamento básico da população, o que envolve o atendimento, a recuperação, a reabilitação e a manutenção da saúde da comunidade”.
Se essa inacreditável fortuna em dinheiro chegasse um dia diretamente nas mãos dos Diretores dos Hospitais de Urgência e Emergência de um dos dois estados: norte ou nordeste. Milhares de vidas seriam salvas, um número incalculável de doentes seria consultado e outro tanto de crianças deixariam de crescer raquíticas e mortas de fomes, se as entidades filantrópicas de lá recebessem o aumento de R$ 3,5 milhões no repasse idêntico ao que foi concedido para a Pastoral da Criança, fundada por Zilda Arns Neumann.
O informativo deveria carregar o título sugestivo de: COOPERAÇÃO EM BUSCA DE AFIRMAÇÃO NO MUNDO FINANCEIRO.
02/2010